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1970

by J.P.Simões

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1.
Fábula bêbada Só quem saltasse o grande muro poderia ver no escuro o puro amor E a cidade Que venera novidades Pôs-se aos saltos por aí e foi tropeçar bêbada no seu bordel Só quem saltasse o puro escuro poderia ver no muro o grande amor E a cidade Que venera novidades Pôs-se às cegas por aí e foi descambar bêbada na contramão Só quem pudesse amar um muro ia andar assim no escuro a saltar E a cidade Que venera novidades beijou prédios, vedações, bancos, transacções, bêbada de construcções Só quem amasse o escuro puro poderia ter um muro para saltar e a cidade que venera novidades ergueu novas catedrais naves espaciais bêbada de tanto céu só quem amasse o puro salto lá do muro escuro e alto ia amar e a cidade que venera novidades nunca pode resistir teve de explodir bêbada até ao fim
2.
1970 (Retrato) A minha geração já se calou, já se perdeu, já amuou, já se cansou, desapareceu,ou então casou, ou então mudou, ou então morreu: já se acabou. A minha geração de hedonistas e de ateus, de anti-clubistas, de anarquistas, deprimidos e de artistas, e de autistas estatelou-se docemente contra o céu. A minha geração ironizou o coração, alimentou a confusão, brincou às mil revoluções amando gestos e protestos e canções, pelo seu estilo controverso A minha geração só se comove com excessos, com hecatombes, com acessos de bruta cólera, de mortes, de misérias, de mentiras, de reflexos da sua funda castração. A minha geração é a herdeira do silêncio, dos grandes paizinhos do céu, da indecência, do abuso, e um belo dia esqueceu tudo e fez-se à vida na cegueira do comércio. A minha geração é toda a minha solidão, é flor de ausência, sonho vão, aparição, presságio, fogo de artifício, toda vício, toda boca e pouca coisa na mão. Vai minha geração, ergue a cabeça e solta os teus filhos no esplendor do lixo e do descuido, deixa-te ir enquanto o sabor acre da desistência vai corroendo a doçura da sua infância. Vai minha geração, reage, diz que não é nada assim, que é um lamentável engano, erro tipográfico, estatística imprecisa, puro preconceito, que o teu único defeito é ter demasiadas qualidades e tropeçar nelas. Vai minha geração, explica bem alto a toda a gente que és por demais inteligente para sujar as mãos neste velho processo, triste traste de Deus, de fingir que o nosso destino é ser um bocadinho melhores do que antes. Vai minha geração, nasceste cansada, mimada, doente por tudo e por nada, com medo de ser inventada, o que é que te falta agora que não te falta nada? Poderá uma pobre canção contribuir para a tua regeneração ou só te resta morrer desintegrada? Mas, minha geração, valeu a trapaça, até teve graça, tanta conversa, tanta utopia tonta, tanto copo, e a comida estava óptima! O que vamos fazer?
3.
O vestido vermelho Lá vai ele embora, com o seu cachecol eu sei bem que agora tem outro amor um tal jogador de futebol. Da casa do lado ouve-se o relato o clamor do estádio onde ele extravasa e eu estendo-me em casa tiro os sapatos pinto o cabelo rio-me ao espelho ponho o vestido vermelho na esperança de um golo a nosso favor. Cresce o jogo, avança correm os heróis para aguentar a dança das frustrações das multidões de tudo o que mói não digo o contrário finjo acreditar e estico o salário compro o bilhete para o camarote faço o jantar pinto o cabelo rio-me ao espelho ponho o vestido vermelho na esperança de um golo a meu favor.
4.
Só mais um samba Hoje ficas por casa quase nem ousas lembrar, mas a lua ainda te chama como dantes, para dançar. Já cruzaste oceanos por caprichos de paixão, foste deusa, foste bicho, viste a festa, a fome, o fundo do país do carnaval, tira a máscara do tempo e vem dançar só mais um samba, só mais um samba... Tantas águas passadas pesam tanto quanto o mar, mas o tempo ainda reclama outro tanto navegar. São novíssimos dias, novas vozes a cantar, quero ver-te sem tristeza como quando eras nobreza no país do carnaval, põe a máscara do sonho e vem dançar só mais um samba, só mais um samba, Só mais um samba, só para lembrar, só mais um samba que eu quero voltar ao começo da nossa canção de amor que nunca vai acabar.
5.
Inquietação (José Mário Branco) A contas com o bem que tu me fazes, A contas com os males porque passei, Com tantas guerras que travei Já não sei fazer as pazes. São flores aos milhões entre ruínas Meu peito feito campo de batalha Cada alvorada que me ensinas ouro em pó Que o vento espalha Cá dentro inquietação, inquietação É só inquietação, porquê não sei, porquê não sei Porquê não sei ainda. Há sempre qualquer coisa que está para acontecer Qualquer coisa que eu devia perceber, porquê não sei ainda. Ensinas-me a fazer tantas perguntas Na volta das respostas que eu trazia: Quantas promessas eu faria se as cumprisse todas juntas. Não me largues esta mão no torvelinho Pois falta sempre pouco para chegar Eu não meti o barco ao mar Para ficar pelo caminho. Cá dentro inquietação, inquietação É só inquietação, porquê não sei, porquê não sei Porquê não sei ainda. Há sempre qualquer coisa que está para acontecer Qualquer coisa que eu devia perceber, porquê não sei ainda. Cá dentro inquietação, inquietação É só inquietação, porquê não sei, mas sei que não sei ainda. Há sempre qualquer coisa que está para acontecer Qualquer coisa que eu devia perceber, porquê não sei Mas sei que não sei ainda Há sempre qualquer coisa que eu tenho que fazer Qualquer coisa que eu devia resolver porquê não sei Mas sei que essa coisa é que é linda.
6.
7.
Micamo 04:14
8.
9.
10.
11.
Werther 02:38

credits

released January 11, 2007

license

all rights reserved

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about

J.P.Simões Lisbon, Portugal

J.P.Simões is a portuguese musician, singer-songwriter who also writes fiction and musical theatre. Is music and live performances are very well known and celebrated, especially in Portugal and Brasil. After playing with a lot of bands, such as Pop Dell'Arte, Belle Chase Hotel and Quinteto Tati, he´s now releasing is third solo album, "Roma". ... more

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